sábado, 27 de março de 2010

O Dérbi que terminou em rapto

A partida foi realizada em 18 de agosto de 1946, no antigo Estádio da Rua Barão Geraldo de Rezende, do Guarani. Era o último jogo do 1º Turno do Campeonato Campineiro. O placar marcava 3 a 0 para o rival da Macaca, ainda na 1ª etapa. Inconformados com 2 gols irregulares do Guarani e validados pelo juiz, o time da Ponte Preta se retirou de campo no meio do jogo, o que gerou muita confusão no gramado. Assim, o árbitro Aldo Bernardi encerrou a partida.
No dia seguinte ao jogo, descobriu-se o endereço do juiz, residente em São Paulo. A idéia era comprovar a suspeita de compra do árbitro por parte do Guarani. Um grupo de pontepretanos foi até a capital e disseram ao Sr. Aldo serem de Itapira e que precisavam ganhar um jogo muito importante. O famoso árbitro caiu na conversa e entrou no carro. E conversando no veículo, sem imaginar que se tratavam de gente da Ponte Preta, o juiz se entregou. Para mostrar ao pessoal que era especialista no assunto de fabricar resultados, citou o exemplo do clássico campineiro. Contou que na viagem de trem para Campinas havia sido subornado por um mentor do Guarani.
Enfim, tudo descoberto. Os torcedores no carro anunciaram ser pontepretanos, e não de Itapira conforme a história inventada por eles. O árbitro Aldo Bernardi começou a tremer. O carro retornou a Campinas e o juiz foi levado para a Sede do clube. A idéia era reunir autoridades e fazer com que ele confessasse o suborno. Mas o sujeito foi esperto e pediu para avisar a família por telefone que se encontrava na sede da Ponte Preta, em Campinas, e que tudo estava bem. Sua família desconfiou e comunicou o ocorrido à Federação Paulista de Futebol. Esta, por sua vez, avisou a polícia de Campinas sobre a possibilidade de ser um rapto. Mas na frente do delegado e de outras pessoas o árbitro Aldo Bernardi negou o suborno.
A repercussão foi internacional. Jornais e rádios de todo o país comentaram o fato, alguns denominando de "gangue campineira". Por outro lado, apareceram também manifestações de apoio pela energia em se descobrir a verdade. Houve processo na Justiça, mas os torcedores raptores foram absolvidos. Aldo Bernardi nunca mais apitou, ficando marginalizado pela própria Federação, acabando por ser banido do futebol.